(Fonte: divadiz.com. Acesso em 08/05/2014)
Rita de Cássia Pozzati¹
A SPM é a ocorrência repetitiva de um conjunto de
alterações físicas, do humor, cognitivas e comportamentais não relacionadas a
doenças orgânicas , com a presença de queixas de desconforto, irritabilidade,
depressão ou fadiga, geralmente acompanhadas da sensação de intumescimento e
dor nos seios, abdome, extremidades, além de cefaléia e compulsão por alimentos
ricos em carboidratos, acrescidos ou não de distúrbios autonômicos, com início
em torno de duas semanas antes da menstruação (fase lútea) e alívio rápido após
o início do fluxo menstrual ou dentro de 48 horas do inicio do
sangramento.
Em estudos realizados observa-se que os sintomas
pré-menstruais relatados entre as mulheres com a forma grave (43,3%) foram:
irritabilidade (86%), cansaço (71%), depressão e cefaléia (62%, cada), sendo
que 95% apresentaram mais de um sintoma e 76% associação de sintomas físicos e psíquicos.
Em outro
estudo foi observado que 96,1% das mulheres brasileiras
já ouviram falar sobre SPM o números para
mulheres europeias (Itália 71%, Espanha 78%, Inglaterra 78%) e
latino-americanas (Brasil 72%, México 75%) afetadas pela SPM não difere muito.
Existe um transtorno
variante da síndrome pré-menstrual, mais
severa ou extrema, com a oscilação menstrual e que podem durar, tipicamente, de
cinco a
catorze dias. Em geral, pioram com a aproximação da
menstruação e usualmente cessam de forma imediata ou
logo a seguir (um a dois dias) ao início de fluxo
menstrual o qual designamos como transtorno disfórico
pré-menstrual (TDPM) que
se
caracteriza por recorrência cíclica,
durante a fase lútea, de sintomas de
humor e comportamentais em primeira instância,
e somáticos, sendo depressão, ansiedade, labilidade
afetiva, tensão, irritabilidade, ira, distúrbios do
sono e do apetite os mais frequentes; sintomas severos o suficiente para o
comprometimento do funcionamento social, ocupacional e escolar;
sintomas relacionados diretamente às fases do ciclo, ocorrendo desde a menarca
até a menopausa.
O
período perimenstrual parece ser propício a distúrbios psíquicos,
com elevação das taxas de admissão hospitalar,
atendimento em emergências, tentativas e consumação
de autoextermínio, crimes violentos, acidentes, prescrições
de antidepressivos e uso abusivo de cigarros
e outras drogas. Também é descrito aumento na
frequência de crises de pânico, de bulimia e agravamento de
sintomas ansiosos, depressivos, obsessivos compulsivos, impulsos
cleptomaníacos e para compras excessivas
ou mesmo agravamento e aparecimento de sintomas
psicóticos no período pré-menstrual.
Encontram-se fortes indícios de diminuição de alguns parâmetros da resistência orgânica na fase lútea, o que facilitaria o
desenvolvimento das infecções
herpéticas e monilíase vaginal de repetição, bastante incidentes nessa fase. Na área criminal o diagnóstico por SPM
foi utilizada como atenuante para
crimes violentos e acidentes; esteve envolvida
em 50% das admissões de mulheres em urgências psiquiátricas
e 70% das hospitalizações de mulheres deprimidas.
A prevalência do TDPM varia em 3 a 8%. Essas mulheres
com sintomas pré-menstruais graves, menos de 50% afirmaram que nenhum dos
tratamentos teve qualquer utilidade; além disso, foi observado que 89% das
mulheres com DDPM não foram diagnosticadas com esse problema.
Há vários tratamentos dos quais podemos nos
servir na TPM para sintomas mais leves.
Realizar atividade física, de esportes e de
atividades relaxantes, usar roupas adequadas, ter repouso suficiente, alimentação
leve e variada, menor ingestão de sódio e água, visando reduzir a retenção
hidrossalina, reduzir o uso da cafeína, abandonar o tabagismo, ter
sono adequado, reduzir o estresse, além de consumir suplemento
de cálcio, vitamina B12 e V podem ser úteis para aliviar os quadros mais leves.
Os anticoncepcionais orais (ACOs) têm
com etinilestradiol (EE) e drospirenona também auxiliam. Essa preparação é
caracterizada por alta eficácia contraceptiva em combinação com excelente
controle do ciclo, boa tolerabilidade e impacto favorável no metabolismo da
glicose e lipídios. A eficácia diferenciada em relação a outros ACOs deve-se
unicamente às propriedades antimineralocorticoide e antiandrogênica da
drospirenona.
O tratamento
com medicamentos mais usados e com melhor resposta são os
inibidores da recaptação da serotonina e são efetivos
para o tratamento da SPM e do TDPM.
Até o momento, apenas três substâncias foram
aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA) – órgão do governo norte-americano
que regula alimentos e medicamentos– para o tratamento do TDPM: a fluoxetina, a
sertralina e a paroxetina CR. Esses medicamentos, todos ISRS12(A), tiveram seu
uso aprovado tanto para uso contínuo como intermitente.
A mulher contemporânea tem a vantagem do fácil acesso à
informação e está no seu íntimo a busca pelo autoconhecimento e melhora da
qualidade de vida física e psíquica. É de fundamental importância que o profissional
esteja capacitado e faça o diagnóstico correto e diferencial
de uma simples TPM ou uma síndrome mais grave. Outro fator importante é
que seja prescrito o tratamento correto seja ele uma simples mudança
nos hábitos de vida até o uso de medicamento e terapias psicanalíticas suplantares
evitando assim, muitos danos à mulher, à sua família e à sociedade em
geral.
¹Rita de Cássia Pozzati é médica
formada pela Universidade Federal de Passo Fundo (2001), residência médica em
Ginecologia e Obstetrícia pelo Hospital da cidade Passo Fundo (2004), membro da
sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de Santa Catarina.
Referencias
Bibliográficas
BRILHANTE.
Aline V. M. et al. Síndrome pré-menstrual e síndrome disfórica pré-menstrual: aspectos
atuais. Feminina. Vol. 38. nº 7. Jul/2010. 373-378.
NOVAK
& BARAK. Tratado de Ginecologia.
São Paulo, Guanabara Koogan, 14ª edição, 2008.
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