sábado, 6 de fevereiro de 2016

MULHER E ALCOOLISMO

MULHER E ALCOOLISMO
A mulher apresenta uma suscetibilidade maior ao álcool do que os homens e também está mais propensa a desenvolver doenças causadas pelo alcoolismo. O consumo abusivo de álcool é definido como a injeta de álcool de quatro doses ou mais para as mulheres e de cinco ou mais para homens, em uma mesma ocasião. As mulheres que ingerem um drinque por dia apresentam menor probabilidade de morte por doença cardiovascular. No entanto com o aumento da ingestão da quantidade de drinques dia aumenta o risco de Hipertensão arterial, derrame cerebral hemorrágico , miocardiopatiasa, osteoporose, câncer de mama, cirrose hepática.
A prevalência de depressão em mulheres que abusam de álcool é de 30 a 40 % e distúrbios como anorexia e bulimia estão presentes em 15% a 32% das que abusam de álcool.Mulheres que abusam de álcool tentam o suicídio quatro vezes mais frequentemente do que as abstêmias. Após o consumo de álcool, eleva-se a tendência a comportamentos violentos e impulsivos, os quais podem determinar os óbitos por causas violentas. Entre as causas externas de mortes, alcoolismo crônico está bastante relacionado com suicídios. Os alcoólatras em geral têm 60 a 120 vezes mais probabilidade de atentarem contra a própria vida do que a população abstêmia.
A ingestão de álcool durante a gravidez pode provocar distúrbios fetais que vão do retardo de desenvolvimento à chamada síndrome alcoólica fetal, caracterizada por anormalidades físicas comportamentais e cognitivas. Consumo de álcool durante a gravidez é considerado a principal causa evitável dessas anormalidades na infância
No Brasil, desde 2006, o Ministério da Saúde pesquisa, anualmente, segundo a pesquisa denominada VIGITEL4 que é realizada por Inquérito Telefônico, com pessoas com mais de 18 anos, nas Capitais Estaduais e no Distrito Federal. Em 2009, as cidades onde as mulheres apresentam maiores porcentagens de consumo abusivo de álcool foram Salvador (17,1%) e Distrito Federal (16,5%) e as menores ocorreram em Rio Branco (6,2%), Manaus (6,3%), São Paulo (6,3%) e Curitiba (6,6%).
Um estudo epidemiológico sobre o uso de álcool foi realizado em 107 cidades brasileiras com mais de 200.000 habitantes, sendo entrevistadas 8.579 pessoas. Nesse trabalho observou-se que um número elevado de mulheres faz uso de bebidas alcoólicas ao longo da vida, sendo 44,7% delas com idades entre 12 a 17 anos; 68,2% naquelas com idades entre 18 a 24 anos; 67,9% de mulheres na faixa etária de 25 a 34 anos e 59,5% entre aquelas com 35 anos ou mais.
O número de mulheres acóolotras aumentou 30% nesses últimos anos muitas delas procurando alívio para problemas pessoais.A vida da mulher contemporânea em que existe excesso de trabalho e acúmulo de funções e a constante busca para atingir e manter a estabilidade psicossocial exigida deve ser combatida com melhora dos hábitos de vida, como alimentação adequada ,qualidade do sono, exercícios físicos, lazer , ingestão de água e alguns casos requerem terapias e medicamentos, mas com certeza o álcool não é única alternativa.
A idade média entre as vítimas foi de 39,8 anos, não havendo diferenças entre os sexos, ocorrendo aos 39,5 anos para as mulheres e 39,9 anos para os homens. Observou-se que, dependendo do sexo, há diferenças entre os diversos métodos empregados para finalizar a vida. As causas de suicídio entre as mulheres foram: intoxicação (28,2%), enforcamento (23,5%) e queda (18,8%). Já entre os homens foram: enforcamento (34,3%), ferimento por arma de fogo (14,9%) e intoxicação (12,6%)14.
Sabe-se que a violência doméstica praticada contra a mulher, em muitas situações, é desencadeada após o consumo de álcool. No trabalho realizado com mulheres alcoolistas do GAF de Botucatu, 68,9% declararam-se abstinentes na época da entrevista, 76,5% relataram história positiva de alcoolismo familiar e 42,0% sofreram algum tipo de acidente quando alcoolizadas. Antes de participarem do grupo, a violência familiar esteve presente em 85,7% dos casos, sendo o cônjuge o principal agressor.
No México, em pesquisa realizada com alunas de um curso de Enfermagem, 57,5% das entrevistadas e 67,1% dos parceiros relataram consumo de álcool, especialmente em reuniões sociais. Entre elas, 91,9% negaram ter sofrido violência física por seus parceiros e 41,1% não conhecem seus direitos em relação à violência doméstica17. Possivelmente, a explicação para esses resultados é a realização da pesquisa em meio universitário, na qual espera-se menor ocorrência de violência doméstica, devido ao nível cultural dos participantes. Chama-se a atenção, no entanto, o número de pessoas pertencentes a um meio social diferenciado, que desconhecem seus direitos no caso da ocorrência de violência em seus lares. Esses dados estão em concordância com os autores, os quais afirmam: “são necessárias ações de conscientização das mulheres sobre seus direitos e possibilidades de ajuda legal em casos de violência”17.
Em vista disso, há necessidade de serviços públicos que cuidem do alcoolista, especialmente da mulher alcoolista. Quando se discute sobre o alcoolismo feminino, alguns aspectos culturais são considerados, tais como a realidade do padrão de menor ingesta de álcool entre as mulheres, quando comparada aos padrões masculinos e, por outro lado, a intensa marginalização que essas mulheres sofrem, tanto na família, quanto na sociedade e nos serviços de saúde16O alcoolismo feminino, no entanto, possui caminhos próprios para seu desenvolvimento, sendo importante considerar a urgência do seu reconhecimento e formas diferenciadas de atenção à mulher, já que a estigmatização e o preconceito social são duplos: por ser tanto mulher, como alcoolista.


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